quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Correr...Atrás da porta ou do vento?


Hoje, quando eu estava esperando ônibus para voltar para casa, na parada presenciei um fato muito curioso, que me deu a idéia de escrever essas linhas. Um homem esperava ônibus assim como eu, ele avistou que o que ele esperava vinha ao longe; eu não estava prestando atenção às suas expressões, nem a ele, nem a ninguém até o momento do inusitado ocorrer. O cara se agarrou na porta ainda fechada do ônibus no qual ele entraria segundos depois de uma forma tão famintamente desesperada e freneticamente absorta, até que o ônibus parasse de frear, e enfim ele entrasse. Foi uma cena tragicômica, patético-ridícula, engraçadíssima. Eu mesmo soltei uma risada daquelas fininhas, de pachola mesmo, porque eu nunca vira algo parecido com aquela criatura “segurando” um ônibus.

  O que quero usar como reflexo e reflexão ante o supracitado? Há muitas estradas nas quais podemos nos estribar para falar sobre isso, porém eu quero ressaltar as atitudes daquele homem olhando para a nossa sede de chegar na frente, mesmo que isso implique ganhar o mesmo prêmio de outrem, ou não. Aquele cara agarrou a porta do ônibus desesperadamente assim como a gente, na maioria das vezes nos agarramos ao amanhã, ao ter mais do que ao ser, ao ganhar mais do que perder, ao existirmos em função do pagamento e não do preço a pagar.
 Poucos sabem que a vida é uma sucessão de acontecimentos que nos ensinam a SERMOS, e não a TERMOS. É um jogo no qual perder às vezes faz muito bem, pois quase só assim avaliamos a própria vida. A imagem do cara segurando a porta e correndo agarrado nela até que ele fosse o primeiro a entrar é a imagem de quem é infeliz, e vive infeliz, pois a vida pra ele não é aproveitada, vislumbrada, sublimada, vivida, antes, é uma crucificação diária pelo prêmio, uma busca louca por estar na frente,uma ansiedade pelo amanhã, que como está inerente à palavra, é só amanhã mesmo.

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